terça-feira, 13 de maio de 2008

Primitivo

Li uma vez, já não me recordo bem onde, que uma das justificações para os comportamentos de risco, desportos perigosos, etc, reside numa justificação antropológica que se relaciona com a nossa história. Explicava este autor que num espaço de poucas gerações o Homem passou de um ambiente hostil e perigoso, onde prevalecia a guerra e a doença, a insegurança e incerteza, para um ambiente seguro e controlado, quase “esterilizado”. Ora, fazia parte da sua natureza esta “insegurança”, a “adrenalina” e o “risco”, factores que, não se sabe bem porquê, contribuíam para o seu equilíbrio, tal como hoje contribuem alguns desportos radicais e alguns comportamentos de risco (excesso de velocidade, álcool, drogas). São conhecidas as acções que nos obrigam à libertação de adrenalina, sabendo que a nossa integridade está em risco.

Esta lógica, para mim, faz bastante sentido. Carregado, cansado, saturado, só me apetece gritar, acelerar, correr, surfar mar grande, atirar-me de uma montanha em snowboard, ou de um guindaste agarrado a um elástico.

Graças a este artigo que li, cada vez mais penso que toda esta sofisticação à minha volta é ilusória, a máscara de comportamentos primitivos, como a que está por trás do pivot do telejornal que abre o noticiário com os nosso “cruzados”, que se dirigem mais uma vez para o campo de batalha, em vez de se concentrar num desastre que não está a matar os nosso 23 guerreiros, mas sim mais de 8.000 desconhecidos.

2 comentários:

Nikita disse...

Pois, muitas vezes esquecemos essa nossa origem e que, acima de tudo, somos animais (uns mais racionais do que outros). Já por diversas vezes dei por mim a pensar no mesmo, o porquê do fascínio do ser humano pelo risco, pelo "living on the edge"... provavelmente é esta a resposta: as nossas origens!

Sadeek disse...

Lá está...é por isso que um homem dorme sempre do lado mais próximo da porta do quarto...e coisas afins...é a onda animalesca que há em nós...

Obviamente, porque esta é uma casa séria, nao vou ligar a práctica sexual de seu nome "canzana" a estudos deste género...AHAHAH

Abraço