quinta-feira, 10 de abril de 2008

EUROPAN 9 (parte II)

"Novas oportunidades para espaços públicos. À pergunta de partida associa-se sempre o tipo de vivência. Neste caso, as dificuldades que poderiam decorrer de agarrar num espaço altamente desqualificado ambientalmente e socialmente, e transformá-lo num espaço de referência do concelho e área metropolitana de Lisboa, era por si um grande desafio. O combate ao estigma social, à imagem negativa que algumas classes têm deste tipo de ocupação, muito por causa de relações de receio.


Assim, a dificuldade do tema apresentado torna-se a oportunidade para uma solução sustentável. Não interessava esconder as pessoas, as vivências, mas sim expô-las, acabar com tabus, obrigando-as também a percorrer uns passos no processo de integração.

O veículo utilizado foi o que cria os processos identificatórios, uma forte imagem e a relação ao lugar, espaço partilhado entre toda a população e por todas as classes sociais.

Aqui, o espaço público é o tema fulcral, é ele que gera pequenas praças, que associadas ao edificado, “línguas de construção que irrompem na natureza”, permitem as relações mais próximas, normais nas proximidades de bairro. É ele que se abre, expondo tudo e todos em grandes áreas permeáveis acessíveis a quase toda a gente (praticamente todos os percursos assinalados estão abaixo dos 6% de declive), é ele que desmistifica o “bairro social”. Também são os espaços públicos que nas suas várias configurações permitem a apropriação e utilização de formas diferentes. Temos uma praça num “plateu” natural, que dignifica a escola, criando um novo acesso e uma nova vida à cidade, uma vida que se “abre” do miradouro e expõe a beleza natural daquele vale, cujo atravessamento passa por uma zona onde pessoas desfavorecidas, mas cheias de dignidade, se extendem para além das suas fronteiras, porque agora todos passam por lá.


É um espaço público para pessoas de mobilidade condicionada, para ciclistas, desportistas, com zonas diferenciadas para actividades radicais, que agregam vidas à volta de um espaço outrora “vedado” e desqualificado. É, em todos uns momentos, um espaço didáctico, aproxima-nos da natureza, da sua complexidade e sensibilidade, despertando-nos.

As oportunidades não vêm sem sacrifícios, razão pela qual é criada uma rotunda desnivelada (em viaduto) que permite a fluência e continuidade do espaço natural. Aqui a natureza e o espaço público prevalece
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