sexta-feira, 28 de março de 2008

P de "Falling Angel"

I

A Pulsação alinha corações e marca o ritmo, ao longe um anjo vestido de negro encontra dificuldades em encarar a multidão. Dizia-se que o trio aPresentava-se mais obscuro, negro, a critica nacional e internacional marcava este temPo decorrido com uma interPretação mais madura do Produto que eles vinham aPresentar. Ela, Beth Gibbons, aPresenta-se com uma simPlicidade aPaixonante, inclina-se para a frente e irromPe a batida libertando o seu chamamento...o coliseu veste-se de silêncio. CorPos tremem, ouvidos esPantam-se, almas encantam-se. No terceiro e à terceira Percebe-se o encanto da noite, advinha-se a Profundidade de sentimentos, sensações. O Público recebe “mysterons” em silêncio, alguns cantam Para dentro, outros deixam fugir sussurros Para fora, mas o encanto não Permite mais, o estado hiPnótico estava instalado, éramos um. Conforme avançamos entre novos e velhos temas entende-se a evolução, eles não estão mais escuros...estão mais ela. O anjo que carrega o Peso do mundo é o esPelho de muitos concentrados numa única Pessoa. Esta escuridão é o reflexo da vida, o momento em que concentramos as nossas exPeriências, sentimentos e sensações num espaço mais Próximo do coração e da alma. Beth continua a evitar olhar o Público, desvia-se e Procura os elementos que lhe são familiares, como se estivesse a cantar na sua sala de estar. Em “glory box” veste-se de vermelho, assume toda a carga feminina e encanta o Público. O chamamento angélico escondido naquela simples e frágil mulher arrebata corações, viajamos no Passado e no Presente. Mas é com “wandering stars” que se fecha o círculo, a escuridão cai sobre o coliseu, o ar fica rarefeito e Pesado, aquela alma dispersa-se Por todos. Presenteados com versões menos Pesadas de temas conhecidos, um reflexo do novo álbum, mais aPurado, Profundo, o anjo recolhe-se no Palco e aclama às estrelas numa versão acústica que de certeza Perdurará na memória de muitos. O Público sentia-se Pequeno na presença daquele “Ser” que encantava entre relatos de amor e tristeza, a Profundidade Poética associava-se a uma intensidade sonora inqualificável. Se o concerto acabasse naquela altura estávamos todos mais do que satisfeitos, mas não, Beth caia, aProximava-se, olhava timidamente para os mortais. Os ritmos sobem discretamente a marcar o Passo, com menos oscilações temPeramentais que no passado, Beth assume-se na lírica e no seu chamamento que influencia versões suaves de “sour times” e “only you”, mas é com o Primeiro, que ela, já mais Perto da terra comunica, e, com um simPles aPontar de um dedo, sem largar o micro, enquanto entoa “cos nobody loves me, its true, not like you do”, conquista os mortais mais reticentes. Rendidos, estávamos no auge...Para nós o nirvana era aquela aProximação, dor e alegria fundiam-se em mil sensações...esPalhavam-se sorrisos. Ao aProximar-se da suPerfície começa a libertar-se, exPele cores em várias tonalidades, acomPanha ritmos e estados de esPírito, liberta toda uma vida Pelas cordas vocais...cá fora o espanto, quando se achava que mais era imPossível. Aquele “Ser” ainda conseguia ir mais longe. Acalma, volta a si com “roads”, e nós voltamos à guerra das memórias, das vidas, ao nosso esPelho, o “how can it feel this wrong” multiPlica-se pelas várias almas, a escuridão volta a descer, e só levanta quando a "Mulher" já em terra sorri e entrega-se ao Público em sentidos abraços.

II


Tento entender o que é que dez anos representaram na vida daquele Ser, o que é que mudou, o que há de novo...sabendo à priori que continua isolada, a cantar e a escrever sozinha, que não dá entrevistas, que gosta de estar só, e que não se mistura. Um Ser apaixonante pela sua simplicidade, pela sua fragilidade e por reunir em si todas as paixões e ódios. É como se o receptáculo de todas as nossa intranquilidades fosse ela. Como se ela agarrasse na manta de retalhos que são as nossas vidas e as transforma-se em melodias embriagantes. Dez anos depois, Beth Gibbons, apresenta-se mais intensa e ao mesmo tempo mais limpa, menos confusa. Com uma profundidade assustadora, e um canto mitológico, atrai homens e mulheres para o precipício e depois eleva-os ao céu. Conta-nos um pouco da história de todos nós... e nós, perplexos com a intensidade daquele calmo Ser, apaixonamo-nos.

5 comentários:

Sally disse...

Que texto! :)

Obrigada pela visita, volta smp ;)

Anónimo disse...

sim, concordo com o coment anterior... k texto

+ disse...

beth sempre conseguiu ser assustadoramente misteriosa, e ao fim de 10anos, ao invés de todo um mundo que procura respostas para o mistério...ela com o seu silêncio consegue dar-lhe mais carga, e tornar as coisas apaixonantes...o mistério é o maior fascinio do homem...ela transporta-o bem.

hothotheart disse...

ja vi que foi um grande concerto

pegueitrinquei disse...

Também senti o que descreves, como se todos fossemos um, submissos aos caprichos de Miss Gibbons. Uma grande noite.

Bj