sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

MANIFESTO DA PAIXÃO

Paixão?...sim, sinto aquele aperto, aquela exaltação ao novo, ao desconhecido que queremos conhecer, ao belo, ao que não conseguimos explicar, o sentimento que pode estar em todo o lado, em todas as esquinas, no sol, na lua, na cor, no novo. Novo? ...sim, quem adora o novo adora o mundo, desconhece o que quer e para onde vai, procura incessantemente o desconhecido, a novidade. O mundo está repleto de coisas boas, de coisas novas, de espaços e vidas interessantes...procuro a felicidade através da paixão. Facilmente apaixono-me por um espaço, uma cidade, uma gente, uma vivência. Eu sei que algumas dessas referências não estão lá no dia seguinte, mas procuro-as. E o que vês?...vejo um reflexo, algo que ambiciono, o que não consigo ser e admiro. Mas o que és?...não sei, sou um errante, um desalojado do mundo que procura nos vários espaços aquele que me é mais querido. E qual é ele?...também não sei, porque os espaços e as gentes mudam, e tudo o que é deixa de ser. Não sei o que procuro porque sinto-me fascinado pelo novo, pelo desconhecido, os desafios movem-me como algo de inatingível. Procuro, conheço e avanço incessantemente, porque há sempre algo que aparece. De onde és?...sou do mundo, não pertenço a ninguém, invejo a paz e a tranquilidade que nunca tive porque sou insaciável. Invejo a sabedoria dos velhos e a ignorância dos novos, até mesmo a despreocupação e a futilidade. Pensar tem um custo, carrego os meus pensamentos, as minhas duvidas e divagações às costas, este é o preço. E é o único?... não, carrego também a solidão de um estrangeiro, igual a tantos outros que erram pelo mundo à procura. À procura do quê? ....à procura de saciar a nossa paixão. E encontras essa paixão? ....sim, por momentos, até que a intranquilidade da mente me leve a novos horizontes. O mundo é insaciável, eu sei, mas fico arrepiado se pensar que o mundo passa ao meu lado, que não extingui a vida na sua verdadeira dimensão, que não aproveitei tudo o que ele tinha para me oferecer. Mas deve haver uma verdadeira paixão?...a minha unica paixão é o desconhecido. Então como vives?...vivo do sonho, do surreal, do inatingível, da memória e da ambição. Eu sei que nada disso é físico, real, duradouro, verdadeiro, mas eu alimento-me do volátil, porque eu, tal como a paixão, sou tudo e não sou nada.

9 comentários:

AMSA disse...

oh a paixão... tanto para se lhe dizer, nenhuma palavra que a exprima por completo sem ser ela mesma... Paixão, é paixão!


Obrigada pela tua visita, e pela tua perspectiva positiva, respondi-te no blog, mas como não sei se voltas... (és bem-vindo!!!) "talvez um dia seja confortável. talvez sim, talvez não... Mas por agora... Tenho mesmo medo do escuro, tal e qual uma menina pequenina (mas antes que perguntes, não, não durmo com a luz acesa). Mas não durmo sem fechar a porta do guarda-vestidos (que fica mesmo viradinho para mim) e a porta do quarto. Não gosto dakeles escuros mais escuros a "olhar" para mim lol =)"

Pequenina disse...

Fiquei abalada. Com o comentário.
Nós, tal como os "Imortais" sabemos que há mais como nós. Inquietos, vulneráveis, fortes, com as veias a latejar de desejo de emoções, de novidade, de cor e de calor. Mas passamos pelo meio da multidão sem que disso se apercebam os que não bebem da mesma inquietude o sal da vida.
Adorei este post. Não podia ser mais preciso, nos dois sentidos da palavra.

Daniela Sousa Photography disse...

E procuramos desesperadamente o novo!
Porque esse novo faz um refresh diário, uma busca constante, um desejo ardente, um objectivo dominante!
Gostei!

;)

Ima Trigueiros disse...

Uau.... que surpresa este teu post... simplesmente lindo... preencheste-me dessa tua paixão, com cada palavra, cada suspiro...
Que estranha coincidência esta a de usarmos as palavras como ferramentas do nosso mundo... são-nos tão úteis, e tão familiares... :)

Um beijinho... onde quer que estejas agora, sei o que procuras em cada paisagem...

TB disse...

Acho que o teu "Manifesto da Paixão" encaixa na actual mentalidade das mulheres. Em cerca de 70% verfica-se este sindrome ou psicose a que tu chamas paixão! Parece que é normal o anormal...

Aquele abraço,

TB

Nikita disse...

Parabéns pelo manifesto! Gostei! Profundo, limpo, verdadeiro...

A paixão é tudo e não é nada! Pois, mas é ela que faz o coração palpitar, o sangue fervilhar nas veias, é ela que nos faz subir ao céu e descer ao inferno... E tudo, porque buscamos incessantemente a felicidade, buscamo-la nas pessoas com quem nos vamos relacionando, nos espaços que vamos habitando, nas vivências que vamos tendo... e nunca nos sentimos satisfeitos... estamos sempre com medo que o mundo nos passe ao lado, que a felicidade se cruze connosco mas não páre...

E se nesta busca desenfreada da felicidade, neste contínuo mergulho na paixão pela novidade, passamos ao lado da nossa felicidade?

Meeeeeedo...

P.S.: Obrigada pela visita e por partilhar comigo este post! Gostei mesmo!

oxenbury disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
oxenbury disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nikky disse...

Por isso digo que os ignorantes e os acomodados conseguem ser felizes.
Não sentem nunca esta paixão. Mas também não sente o tremendo vazio que a insatisfação constante às vezes consegue provocar.

Curiosamente, identifico mais este post com este meu:
http://vinte-e-um-gramas.blogspot.com/2008/10/vida-no-isto-mas-isto-mais-que-nada.html