Paixão?...sim, sinto aquele aperto, aquela exaltação ao novo, ao desconhecido que queremos conhecer, ao belo, ao que não conseguimos explicar, o sentimento que pode estar em todo o lado, em todas as esquinas, no sol, na lua, na cor, no novo. Novo? ...sim, quem adora o novo adora o mundo, desconhece o que quer e para onde vai, procura incessantemente o desconhecido, a novidade. O mundo está repleto de coisas boas, de coisas novas, de espaços e vidas interessantes...procuro a felicidade através da paixão. Facilmente apaixono-me por um espaço, uma cidade, uma gente, uma vivência. Eu sei que algumas dessas referências não estão lá no dia seguinte, mas procuro-as. E o que vês?...vejo um reflexo, algo que ambiciono, o que não consigo ser e admiro. Mas o que és?...não sei, sou um errante, um desalojado do mundo que procura nos vários espaços aquele que me é mais querido. E qual é ele?...também não sei, porque os espaços e as gentes mudam, e tudo o que é deixa de ser. Não sei o que procuro porque sinto-me fascinado pelo novo, pelo desconhecido, os desafios movem-me como algo de inatingível. Procuro, conheço e avanço incessantemente, porque há sempre algo que aparece. De onde és?...sou do mundo, não pertenço a ninguém, invejo a paz e a tranquilidade que nunca tive porque sou insaciável. Invejo a sabedoria dos velhos e a ignorância dos novos, até mesmo a despreocupação e a futilidade. Pensar tem um custo, carrego os meus pensamentos, as minhas duvidas e divagações às costas, este é o preço. E é o único?... não, carrego também a solidão de um estrangeiro, igual a tantos outros que erram pelo mundo à procura. À procura do quê? ....à procura de saciar a nossa paixão. E encontras essa paixão? ....sim, por momentos, até que a intranquilidade da mente me leve a novos horizontes. O mundo é insaciável, eu sei, mas fico arrepiado se pensar que o mundo passa ao meu lado, que não extingui a vida na sua verdadeira dimensão, que não aproveitei tudo o que ele tinha para me oferecer. Mas deve haver uma verdadeira paixão?...a minha unica paixão é o desconhecido. Então como vives?...vivo do sonho, do surreal, do inatingível, da memória e da ambição. Eu sei que nada disso é físico, real, duradouro, verdadeiro, mas eu alimento-me do volátil, porque eu, tal como a paixão, sou tudo e não sou nada.
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9 comentários:
oh a paixão... tanto para se lhe dizer, nenhuma palavra que a exprima por completo sem ser ela mesma... Paixão, é paixão!
Obrigada pela tua visita, e pela tua perspectiva positiva, respondi-te no blog, mas como não sei se voltas... (és bem-vindo!!!) "talvez um dia seja confortável. talvez sim, talvez não... Mas por agora... Tenho mesmo medo do escuro, tal e qual uma menina pequenina (mas antes que perguntes, não, não durmo com a luz acesa). Mas não durmo sem fechar a porta do guarda-vestidos (que fica mesmo viradinho para mim) e a porta do quarto. Não gosto dakeles escuros mais escuros a "olhar" para mim lol =)"
Fiquei abalada. Com o comentário.
Nós, tal como os "Imortais" sabemos que há mais como nós. Inquietos, vulneráveis, fortes, com as veias a latejar de desejo de emoções, de novidade, de cor e de calor. Mas passamos pelo meio da multidão sem que disso se apercebam os que não bebem da mesma inquietude o sal da vida.
Adorei este post. Não podia ser mais preciso, nos dois sentidos da palavra.
E procuramos desesperadamente o novo!
Porque esse novo faz um refresh diário, uma busca constante, um desejo ardente, um objectivo dominante!
Gostei!
;)
Uau.... que surpresa este teu post... simplesmente lindo... preencheste-me dessa tua paixão, com cada palavra, cada suspiro...
Que estranha coincidência esta a de usarmos as palavras como ferramentas do nosso mundo... são-nos tão úteis, e tão familiares... :)
Um beijinho... onde quer que estejas agora, sei o que procuras em cada paisagem...
Acho que o teu "Manifesto da Paixão" encaixa na actual mentalidade das mulheres. Em cerca de 70% verfica-se este sindrome ou psicose a que tu chamas paixão! Parece que é normal o anormal...
Aquele abraço,
TB
Parabéns pelo manifesto! Gostei! Profundo, limpo, verdadeiro...
A paixão é tudo e não é nada! Pois, mas é ela que faz o coração palpitar, o sangue fervilhar nas veias, é ela que nos faz subir ao céu e descer ao inferno... E tudo, porque buscamos incessantemente a felicidade, buscamo-la nas pessoas com quem nos vamos relacionando, nos espaços que vamos habitando, nas vivências que vamos tendo... e nunca nos sentimos satisfeitos... estamos sempre com medo que o mundo nos passe ao lado, que a felicidade se cruze connosco mas não páre...
E se nesta busca desenfreada da felicidade, neste contínuo mergulho na paixão pela novidade, passamos ao lado da nossa felicidade?
Meeeeeedo...
P.S.: Obrigada pela visita e por partilhar comigo este post! Gostei mesmo!
Por isso digo que os ignorantes e os acomodados conseguem ser felizes.
Não sentem nunca esta paixão. Mas também não sente o tremendo vazio que a insatisfação constante às vezes consegue provocar.
Curiosamente, identifico mais este post com este meu:
http://vinte-e-um-gramas.blogspot.com/2008/10/vida-no-isto-mas-isto-mais-que-nada.html
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